Para o ignorante, a velhice é o inverno da vida. Para o sábio, é a época da colheita.
Talmude

sexta-feira, 2 de maio de 2008

O avô e o neto

Um senhor de idade foi morar com o seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade.
As mãos do velho eram trémulas, a sua visão embaciada e os seus passos vacilantes.
A família jantava reunida à mesa. Mas, as mãos trémulas e a falta de visão do avô atrapalhavam-no na hora da refeição. ervilhas rolavam da sua colher e caíam no chão. Quando pegava no copo, o leite era derramado na toalha da mesa.
O filho e a nora irritaram-se com a bagunça...
- "Precisamos tomar uma providência com respeito ao pai", disse o filho.
- " Já chega de leite derramado, barulho de gente a comer com a boca aberta e de comida pelo chão."
Decidiram então colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha. Ali, o avô comia sozinho, enquanto o resto da família fazia as refeições à mesa, com satisfação.
Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, a sua comida passou a ser servida numa tigela de madeira. Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, notavam-se as lágrimas nos seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que lhe dirigiam eram chamadas de atenção ásperas, sempre que deixava cair no chão um talher ou pedaços de comida.
O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio... Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando pedaços de madeira. Perguntou delicadamente à criança:
-" O que fazes aí debaixo?"
E o menino respondeu docemente:
- " Ah, estou a fazer uma tigela para o pai e a mão comerem, quando eu crescer."
O garoto sorriu e voltou ao trabalho...aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que acabaram por ficar absolutamente mudos por instantes. Lágrimas começaram a escorrer dos seus olhos...comovidos.
Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que tinha de ser feito! Naquela noite, o pai agarrou o avô pelas mãos e, gentilmente, conduziu-o á mesa da família.
Dali para a frente e até ao final dos seus dias, comeu todos as refeições juntamente com toda a família ...
( The Old grandfather anf his Grandson - Jacob and Wilhelm Grimm )

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Velhice bem sucedida



Uma velhice é bem sucedida quando certos domínios se mantêm, enquanto outros se promovem:
-> O idoso mantém a autonomia
-> Mantém a independência
-> Envelhecimento activo
-> Suporte familiar e de pares
-> Actividades de lazer
-> Vida social

Bibliografia UM


Porque achamos pertinente referir alguma bibliografia que se pode encontrar no catálogo da Biblioteca da Universidade do Minho, disponibilizamos uma lista bibliográfica da temática. Além disso, deixamos também alguns dos clássicos da Sociologia.
Para mais informações: http://www.sdum.uminho.pt

Autor: ALMEIDA, Patrícia Isabel Mota (2006)
Título: “A educação para a saúde em idosos: que necessidades?”
Localização: Bib. Ciencias da Educacao
BCE 613.98 – A
Código de barras: 373532

Autor: ALMEIDA, Tatiana Lemos (2005)
Título: “Características dos cuidadores de idosos dependentes no contexto da saúde da família"
Localização: Bib. do Edif. dos Congregados
BEC 613.98 – A
Código de barras: 370775

Autor: AMARO, Fausto (2006)
Título: “Introdução à sociologia da família”
Localização: Bib. Geral UMBGUM1 316.356.2 – A
Código de barras: 367517

Autor: BOURDIEU, Pierre (2003)
Título: “Questões de sociologia”
Localização: Bib. Geral UM
BGUM 316 - B
Código de barras: 333874

Autor: CASTELEJO, Natália Rosa Pereira Fernandes (2000)
Título: “Minha cultura, minha herança : um caso de partilha entre crianças e idosos”
Localização: Bib. Geral UM
BGUM-IEC 371.68 – C
Código de barras : 275682

Autor: Colóquio Internacional Saúde e Discriminação Social (2002)
Título: “Saúde: as teias da discriminação social”
Localização: Bib. Geral UM
BGUM1 614:316.334 – C
Código de barras: 316688
.
Autor: DURKHEIM, Émile (1991)
Título: "A divisão do trabalho social"
Localização: Bib. Geral UM
BGUM 19 DURKHEIM - D
Código de barras: 150669

Autor: ESTEVES, António Joaquim (1995)
Título: “Jovens e idosos: família, escola e trabalho”
Localização: Bib. Geral UM e Bib. Ciências da Educação
BGUM1 37.014.4 – E
Código de barras: 144378
BCE 37.014.4 - E
Código de barras: 149143

Autor: FERNANDES, Ana Maria Alexandre (1995)
Título: "Velhice, envelhecimento demográfico e relações intergeracionais"
Localização: Bib. Geral UM
BGUM1 314 - F
Código de barras: 157315

Autor: FERNANDES, Maria do Carmo Barbadães (2005)
Título: “Dar vida aos anos...envelhecendo: uma analise sócio-organizacional de um lar de idosos”
Localização: Bib. Geral UM e Bib. Ciências da Educação
BGUM1 316.334 – F
Código de barras: 355085
BCE 316.334 - F
Código de barras: 355086

Autor: FERREIRA, Maria Beatriz dos Santos (1997)
Título: “As políticas sociais e os cuidados de saúde aos idosos em Portugal”
Localização: Bib. Geral UM
BGUM1 351.84 – F
Código de barras: 299075

Autor: FIGUEIREDO, Ernesto Valério Soares (1989)
Título: “Idosos: retrato demográfico do Distrito de Braga”
Localização: Bib. Reservados
BRE 312(469.112) – F
Código de barras: 52445

Autor: GIDDENS, Anthony (2004)
Título: “Sociologia”
Localização: Bib. Geral UM
BGUM1 316 – G
Código de barras: 285351:

Autor: GIRALDES, Maria do Rosário (1996)
Título: “Desigualdades socioeconómicas e seu impacte na saúde”
Localização: Bib. Geral UM
BGUM 314.144(469) – G
Código de barras: 182228

Autor: GIRALDES, Maria do Rosário (1997)
Título: “Economia da saúde: da teoria à prática”
Localização: Bib. Geral UM
BGUM 338.465:614 – G
Código de barras: 281034

Autor: JACOB, Luís (2007)
Título: “Animação de idosos: actividades”
Localização: Bib. Ciencias da Educacao
BCE 364.446-053.9 – J
Código de barras:375199

Autor: LEANDRO, Maria Engrácia (2001)
Título: “Sociologia da família nas sociedades contemporâneas”
Localização: Bib. Geral UM
BGUM-IEC 316.356.2 – L
Código de barras: 302518

Autor: MENESES, António Rafael (1995)
Título: “Sociologia da saúde”
Localização: Bib. Geral UM
BGUM1 364.444 – M
Código de barras: 147543

Autor: NAZARETH, J. Manuel (1979)
Título: "O envelhecimento da população portuguesa "
Localização: Bib. Geral UM e Bib do Edifício dos Congregados
BGUM1 314(469) - N
Código de barras: 112022
BEC 314(469) - N
Código de barras: 376918

Autor: PAÚL, Maria Constança (1997)
Título: “Lá para o fim da vida: idosos, família e meio ambiente”
Localização: Bib. Geral UM e Bib. do Edíficio dos Congregados
BGUM-IEC 159.922-053.88 – P
Código de barras: 303919
BEC 159.922-053.88 - P
Código de barras: 4197-ESE
..
Autor: PAÚL, Maria Constança (1996)
Título: “Psicologia dos idosos : o envelhecimento em meios urbanos”
Localização: Bib. Geral UM
BGUM 159.922-053.88
Código de barras: 287711

Autor: VELOSO, Esmeraldina (2003)
Título: “Políticas e contextos educativos para os idosos: um estudo sociológico numa universidade da terceira idade em Portugal"
Localização: Bib. Geral UM
BGUM1 374.72 – V
Código de barras: 356025
..
Autor: ZAL, H. Michael (1993)
Título: “A geração sanduíche: entre filhos adolescentes e pais idosos”
Localização: Bib. Geral UM
BGUM1 316.6 – Z
Código de barras: 141083

sábado, 12 de janeiro de 2008

Velho ou idoso?



Idoso é quem tem o privilégio de viver longa vida…
…velho é quem perdeu a jovialidade.

A idade causa a degenerescência das células…
…a velhice causa a degenerescência do espírito.

Você é idoso quando sonha…
…você é velho quando apenas dorme…

Você é idoso quando ainda aprende…
…você é velho quando já nem ensina.

Você é idoso quando se exercita…
…você é velho quando somente descansa.

Você é idoso quando curte o que lhe resta de vida…
…você é idoso quando sofre o que o aproxima da morte.

Você é idoso quando indaga se vale a pena…
…você é velho quando, sem querer pensar, responde que não.

Você é idoso quando ainda sente amor…
…você é velho quando não sente mais do que ciúmes e possessividade.

Para o idoso, a vida se renova a cada dia que começa…
… para o velho, a vida acaba a cada noite que termina.

Para o idoso, o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida…
…para o velho, todos os dias parecem o último da longa jornada.

Para o idoso, o calendário está repleto de amanhãs…
…para o velho, o calendário só tem ontens.

retirado de http://www.martafelipe.com/?page_id=210

Intergeracionalidade

A intergeracionalidade traduz o peso das interacções sociais entre indivíduos de idades distintas.
Com efeito, o apoio familiar tem efeitos benéficos na saúde dos idosos. Esses efeitos estão associados ao facto de os mais velhos se sentirem amados e seguros, designadamente quando precisam de lidar com problemas de saúde. Além disso, o contacto com familiares e amigos mais novos reforça a sua auto-estima. Por isso, afirma-se que as redes sociais formadas por familiares e amigos oferecem suporte social na forma de amor, afeição, preocupação e assistência (Fernandes, 1995).
Normalmente, a ausência de parentes mais próximos (filhos, sobrinhos, netos), é dada como factor contributivo da doença e mortalidade entre pessoas idosas.
As acções de "intergeracionalidade" promovem, pois, a saúde mental do indivíduo idoso possibilitando-lhe bem-estar psicológico.
Através da intergeracionalidade promovem-se:

  1. A transmissão de experiências de vida, valores e princípios;
  2. Para o idoso, o contacto com a criança permite-lhe aprender novas coisas, animá-lo, incentivá-lo a realizar várias actividades, a sentir-se útil e não abandonado.

Assim, na relação entre criança e idoso, a relação que se estabelece é uma relação de partilha!


Nas palavras da Adriana Calcanhoto:

Antes de mim vieram os velhos

Os jovens vieram depois de mim

E estamos todos aqui

No meio do caminho dessa vida

Vinda antes de nós

E estamos todos a sós

No meio do caminho dessa vida

E estamos todos no meio

Quem chegou e quem faz tempo que veio

Ninguém no início ou no fim

Antes de mim

Vieram os velhos

Os jovens vieram depois de mim

E estamos todos aí.


A referir, é a situação de existirem programas próprios que promovem o contacto entre diferentes gerações:

Animação Intergeracional
Voluntariado Intergeracional

Capacidade funcional


O envelhecimento tem sido muito olhado do ponto de vista da saúde, da prevalência ou ausência de doença, pelo que nas últimas décadas tem ganho relevo o conceito de saúde funcional.
"Capacidade funcional" remete para o modo como conseguimos responder às nossas necessidades quotidianas (Who, 1985). Como diz René Dubos, a saúde é "um estado físico e mental, relativamente isento de incómodos e de sofrimentos que permite ao indivíduo funcionar o mais eficazmente possível e o maior tempo possível no meio onde o acaso ou a escolha o colocaram (Dubos, 1985)."
Muitos idosos com doenças não têm sido afectados na sua capacidade funcional, aprendendo a viver com a necessidade de regrar as suas vidas e de tomar constantemente medicamentos. Assim, o estatuto funcional pode ser definido como a capacidade de uma pessoa desempenhar as actividades necessárias que asseguram o seu bem-estar.
"Dar mais vida aos anos e não apenas mais anos à vida (WHO, 1985)."
Bibliografia:
DUBOS, René (1985), "L'homme interrompu", Paris, Seuil.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Envelhecimento activo



O envelhecimento activo determina a participação social do indivíduo, a sua saúde e segurança (Fernandes, 2005).
Existem várias definições possíveis:

1. Um processo de optimização de oportunidades para a saúde, participação e segurança, com vista a melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem;


2. Este conceito está em harmonia com o slogan "Para uma sociedade para todas as idades", pois sublinha a importância da integração social e da saúde ao longo do curso da vida;


3. Expressa também os direitos dos indivíduos e dos grupos populacionais em relação ao bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida;


4. "Activo" refere-se não só a participar na força de trabalho e a ser fisicamente activo, mas também à participação social, económica, cultural, espiritual e cívica em todas as fases da vida;

5. "Envelhecimento activo" é mais inclusivo do que "envelhecimento saudável", já que inclui todos os factores que afectam os indivíduos e as populações, à medida que envelhecem, adicionalmente à saúde;

6. Manter a autonomia e a independência na medida em que se avança na idade é um objectivo chave, tanto para os indivíduos como para os políticos;


7. A abordagem a um envelhecimento activo é baseada no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas idosas e nos princípios de independência, participação, dignidade, cuidado e auto-realização.



Assim, há uma mudança de abordagem baseada na necessidade para uma abordagem baseada nos direitos das Nações Unidas. O envelhecimento deve ser olhado de uma perspectiva do curso da vida, que reconhece que as pessoas idosas não são um grupo homogéneo e que as diversidades individuais aumentam com a idade.
As políticas e os programas de envelhecimento activo reconhecem a necessidade de encorajar e equilibrar a responsabilidade pessoal, a necessidade de criar ambientes amigáveis e de suporte e a necessidade de desenvolver a solidariedade intergeracional.


O envelhecimento activo é determinado por vários aspectos:
-> por questões relacionadas com os sistemas de saúde e os serviços sociais;
-> pelas relações interpessoais;
-> pelos estilos de vida;
-> pelo ambiente físico;
-> pelo ambiente social;
-> pela situação económica.


Dito isto, será que vale a pena apostar na população idosa?
SIM, porque a proporção de felicidade aumenta por cada época da vida, sendo os mais velhos os mais felizes.




O idoso


O conceito de idoso pode ser definido segundo o critério da idade cronológica, o da idade social e o da idade biológica (Nazareth, 1979):
  1. Critério da idade cronológica - é considerado idoso todo o indivíduo com idade igual ou superior a 65 anos. Podemos distinguir a 3ª idade e a 4ª idade. A primeira pode ser tida como uma idade de lazer, enquanto a segunda (superior a 85 anos) corresponde à idade de dependência.
  2. Critério da idade social - relaciona-se com o estatuto e a vivência social.
  3. Critério da idade biológica - remete para as condições do nosso corpo. Pode diferir da idade cronológica.

O que determina as desigualdades em saúde?

Este fenómeno das desigualdades em saúde pode ser influenciado por várias variáveis (Giraldes, 1996):
  • Características sociodemográficas
  1. Idade - a desigualdade em qualidade de saúde entre os mais ricos e os mais pobres aumenta com a idade;
  2. Sexo - as mulheres tendem a ter menos problemas de saúde que os homens e existem desigualdades em termos de rendimento, já que as mulheres tendem a ter rendimento superior aos homens;
  3. Situação socioeconómica - desigualdade em saúde entre classes favorecidas e desfavorecidas. Os idosos com menor rendimento entendem maioritariamente ter mais problemas de saúde que os demais. Depois, existem evidências de que os idosos mais pobres têm mais dificuldades de acesso a serviços de saúde;
  4. Escolaridade - tendência para desigualdade social em saúde a favor dos grupos com maior escolaridade, em detrimento dos menos instruídos;
  5. Local de residência (dicotomia urbano vs. rural) - é mais frequente os residentes em zonas rurais terem menor rendimento e, consequentemente, mais dificuldade a um serviço de saúde igualitário;
  • Rede de apoio familiar
  1. Composição familiar - o casamento e a paternidade podem ser vistos como tendo grande efeito nos comportamentos que comprometem a saúde. O motivo para este padrão pode estar no facto de os não casados não terem cônjuges em casa para cuidar deles e controlá-los;
  2. Estado civil - nalguns estudos está demonstrado que as pessoas casadas têm menos problemas de saúde que os restantes. Isto é real para ambos os sexos e também para a etnia negra e caucasiana;
  3. Suporte familiar - os idosos sem cônjuge tendem a ter menor suporte emocional. Os que não têm filhos ou não se relacionam com eles, tendem a ter uma menor qualidade de vida, daí ser fundamental as interacções sociais e a intergeracionalidade;
  4. Comportamentos de risco (tabaco, álcool, hábitos de vida desregrados) - os estilos de vida que promovem uma existência sadia são mais característicos das classes altas;
  • Etnia - os idosos de etnia negra têm mais problemas em saúde e mais dificuldades em promover a saúde que os caucasianos.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Teorias sociológicas

TEORIA DA INTEGRAÇÃO SOCIAL
Durkheim
Segundo a teoria durkheimiana, os efeitos da estrutura social no bem-estar psicológico das pessoas estão presentes implicitamente na Teoria da Integração Social de Durkheim.
O conceito de integração tem sido usado na forma como um indivíduo se sente como membro de um grupo social, e por partilhar as suas normas, valores e crenças. O termo integração é usado frequentemente como sinónimo de coesão, unidade, ajustamento e harmonia, mas não é sinónimo de homogeneidade na sociedade e na cultura, porque a diferenciação é uma qualidade essencial das relações sociais. A integração social não apaga as diferenças, apenas as coordena e orienta.
Segundo a perspectiva de Durkheim, a integração social promove um sentido de significado e de propósito para a vida (Durkheim, 1991). Isto é, a integração social leva ao suporte social, protegendo a pessoa contra problemas que podem levar a comportamentos desviantes. Neste sentido, a integração social acontece através de um comprometimento que as pessoas têm com a ordem social, que vem exercer controlo sobre o comportamento dos indivíduos. Além disso, a integração social pode ainda ser medida através da frequência e da intensidade dos contactos sociais. Estes contactos, por sua vez, também reforçam o sentimento de pertença dos indivíduos face à sociedade, o que afecta positivamente a sua saúde. No entanto, esta integração social com base na frequência dos contactos pode trazer efeitos negativos na saúde dos indivíduos, mas isso tem que ser medido pela qualidade dos contactos e não só pela quantidade.
No geral, esta perspectiva assume que a frequência dos contactos promove bem-estar aos indivíduos.
Segundo outros autores, o modo como as relações sociais têm um efeito na saúde dos idosos nas sociedades modernas, pode ser explicada por outras teorias, e não só pela teorias da integração social. Su e Ferraro (1977), num estudo comparativo entre 4 nações diferentes, concluem que é evidente a importância das redes de integração social na formação do acesso à saúde.
TEORIA DAS TROCAS
Peter Blau
Uma outra perpectiva que trata desta questão é a Teoria das Trocas, de onde se destaca Peter Blau, figura de proa da teoria interaccionista numa vertente individualista. Nesta teoria a interacção entre os indivíduos pode ser caracterizada como uma tentativa de maximizar recompensas e reduzir custos, materiais ou imateriais. A família é tida como elemento fundamental enquanto espaço de trocas e interacções (Giddens, 2004).
Existem algumas ideias pré-concebidas como a de que os idosos vivem no isolamento, ou que as relações entre gerações reduziram imenso (isto se tivermos em conta que os núcleos mais jovens se afastaram geográfica e socialmente das suas redes de parentesco). O processo de industrialização segmentou a família e isolou-a da rede de parentesco, devido à sua mobilidade social e geográfica, mas a interacção existiu sempre. Ou seja, os indivíduos acham que as interacções são compensadoras.
Peter Blau explica a existência de outros determinantes para definir as recompensas, tais como os valores sociais. Entre a troca e o poder, existem 4 recursos que podem ser avaliados:
  1. O dinheiro
  2. A Aceitação social
  3. A estima (ou respeito)
  4. A aprovação social.

Assim, o lucro que uma pessoa tem com a troca social é equivalente à diferença entre recompensas menos custos. Faz sentido afirmar que a teoria das trocas é a interacção entre duas ou mais pessoas, e tornar-se-á positiva caso todos os indivíduos lucrem com esta interacção, e que haja um balanço equilibrado nas trocas sociais.

No que concerne ao envelhecimento, a teoria das trocas aplica-se principalmente através de pesquisas sobre a família, avaliando o decréscimo nas interacções sociais entre jovens e idosos, o que acontece quando os idosos têm menos recursos com que contribuir em situações de trocas entre gerações. Assim, tem por base a relação que o envelhecimento estabelece com a diminuição dos recursos, por terem pouco para trocar, podendo estar afectados pela modernização social ou problemas de saúde (Giddens, 2004).

Portanto, quanto maior for o capital cultural ou económico que um idoso possa transmitir à sua família, maiores são as hipóteses de solidificar a solidariedade no seio familiar e a sua dependência ser positiva, sem terem a sensação de constituírem uma "carga".

A realidade...



Será que não merecem ter todos as mesmas possibilidades de tratamentos de saúde? Porque é que, ainda hoje, em pleno século XXI, existe tanta disparidade?

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O envelhecimento populacional

Nas últimas décadas temos assistido, não só em Portugal como noutros países (América Latina, por exemplo), a um rápido envelhecimento da população.
Esta situação deve-se principalmente ao facto de haver um aumento da esperança de vida e à diminuição da fecundidade (Nazareth, 1979). Estas alterações a nível demográfico levam à necessidade de actualizar as políticas sociais e, especialmente, as políticas de saúde (Ferreira, 1997).
Nas economias mais desenvolvidas, como o envelhecimento populacional foi gradativo, foi possível promover a organização dos sistemas de previdência e de saúde, o que não ocorreu nos sistemas menos desenvolvidos.
Existem ainda poucos estudos comparativos com o intuito de averiguar a presença de desigualdade social em saúde e na utilização de serviços médicos entre os idosos em sociedades pouco desenvolvidas. Estas investigações têm sido feitas principalmente em sociedades mais avançadas, onde se constatou a existência de desigualdades sociais em saúde entre os idosos que pertencem a grupos sociais mais favorecidos ou mais desfavorecidos (Ramos, 2002 [online]).
Por isso, nas sociedades contemporâneas, uma das imagens mais comuns é o idoso só, triste, abandonado e, em alguns casos, sem o mínimo de recursos para a sua subsistência. "As situações sociais e económicas desempenham papeis fulcrais na determinação da saúde dos indivíduos e das populações. no entanto, a existência dessa influência nas faixas etárias mais velhas é controversa" (Ramos, 2002 [online]).
Diversos estudos de base populacional mostraram que idosos com melhor situação socio-económica apresentam melhores condições de saúde, enquanto outros trabalhos mostraram que estas diferenças se esvanecem em idades mais avançadas.
Qual será, então, a realidade portuguesa?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

SER VELHO É SER REI


Dizem que ser velho,
é ser lento, refilão, triste,
aborrecido, enfim um chato!
Mas... não
Ser velho,
eu sei que é ser idoso, ou idosa
Mas ser velho é ser rei!
Sim rei, porque não!
Serem velhos, ou serem idosos
como alguns gostam mais.
tem o doce sabor de viver,
é chegar onde se calhar muitos
nunca chegam
Mas ser velho é ser dos outros,
ser solidário com a natureza,
com os mais novos, com todos,
ter mais paciência para as crianças
no seu dia, a dia
Qual a criança que não gosta
de ter avós, que os amam
Ser velho é isto mesmo,
é ser feliz, de pertencer aos filhos,
aos netos, aos amigos
Ser velho é ser rei
É ter a idade da inocência,
do saber e do amor,
do prazer de estar bem com a vida
Saber histórias,
aquelas que a vida lhe ensinou,
ou lhe trouxe
Ser velho é ser rei
Sim rei,
e ser rei, é ser maior
É precisamente isso que o velho é,
O maior!
Ser velho é ser amigo,
Ter o brilhozinho nos olhos
e dizer que ama,
mesmo que não receba nada em troca
Ser carinhoso para tudo e para todos,
até para os animais,
ver a vida no seu hábito mais gostoso
Ser velho,
é ter o doce sabor da vida


retirado de: http://meuslivros.weblog.com.pt/arquivo/2005/12/ser_velho_e_ser_rei